16/01/2016

Filhos simpáticos e gentis - é possível?


"Nunca obrigue seus filhos a dar beijos e abraços em parentes". Esse foi o título de uma publicação de um desses blogs maternos badalados recomendada pelo facebook que chamou minha atenção há uns dias atrás.


Já havia lido artigos que defendem o não incentivar as crianças a dar ou retribuir abraços e beijos a pessoas em geral, mas esse por tratar especificamente de parentes me incomodou.

Li o texto. A blogueira defendia os "direitos da criança" em ser dona do próprio corpo, não ter sua "zona de conforto" violada e sugeria também o fato de que forçar uma criança a tocar parentes contra sua própria vontade poderia deixá-las vulneráveis a pessoas mal intencionadas, sugerindo que a criança tem um "senso de proteção" que não deve ser quebrado.

Bem, essas idéias têm uma raiz. Elas provém da linha humanista de pensamento que está presente nas artes, na literatura, na filosofia, na psicologia e na Educação, há séculos: o homem no centro - suas capacidades, sua autossuficiência, seu "livre-arbítrio" em foco.

O problema é que essa linha não é bíblica e, portanto. não provém da Verdade e não traz benefício algum. Mas, infelizmente, está sendo constantemente difundida e aceita por um mundo que, como sabemos, "JAZ, no maligno." (1.Jo 5.19)

E nós mamães (com certeza me incluo nisso), estamos muitas vezes nos deixando influenciar por idéias como essas, que chegam a nós através de peritos seculares, doutores em filosofias mundanas, que falam tão bem e possuem argumentos tão bons:

"Deixe que seu filho escolha, ele precisa de autonomia..."; "Faça todas as suas vontades, ele precisa se sentir seguro..."; "Nos 'terrible twos', é normal essa birra, deixe que essa fase vai passar..."; "Não corrija, você vai prejudicar o desenvolvimento emocional da criança", "Não ensine seu filho a ser gentil, ele tem um senso de proteção que não deve ser violado..."

Que perigo! QUE PERIGO!


Provérbios 22.15 diz que:

"A estultícia está ligada ao coração da criança..."

Provérbios 19.15 diz que:

"... a criança entregue a si mesma envergonha sua mãe." 


Pensando biblicamente na situação do texto citado sobre não forçar a criança beijar e abraçar, não há base nenhuma para esse "senso de proteção", "feeling" ou qualquer outra coisa positiva na criança, que justifique não ser gentil e retribuir um gesto de carinho - principalmente em se tratando parentes. Na verdade, a inclinação natural da criança é para o mal: para o egoísmo, medo, timidez, arrogância...

E ao invés de ser condescendentes - e deixar que nossos filhos façam a escolha de serem simpáticos ou rudes a bel prazer, sem que tenham sabedoria e discernimento para decidir pela atitude certa - nosso papel como pais é instruí-los desde cedo a como devem agir, para o bem deles.

E por acreditarmos nisso, aqui em casa muitas vezes não só incentivamos mas algumas vezes até forçamos a barra (!) para que nossos filhos aceitem e retribuam cumprimentos e gestos de carinho, sejam para com membros da família, amigos e conhecidos, ou até mesmo pessoas estranhas que os tratem cordialmente. Não estou dizendo (só para esclarecer melhor) que forçamos nossas crianças a beijarem e abraçarem a todos que passam por elas, o ponto é sobre ser gentil e não demonstrar irritação ou indiferença quando alguém as aborda carinhosamente.

Claro, é muito difícil controlar a reação dos bebês na interação com as outras pessoas. Muitas vezes eles não são simpáticos e sorridentes e ás vezes até nos fazem passar por situações desconfortáveis diante de amigos e parentes. Mas como pais, podemos incentivar as atitudes positivas mostrando aprovação quando são gentis e demonstrando nossa desaprovação quando não são, para que aprendam aos poucos como esperamos que ajam.

Algumas vezes tenho a tendência de querer justificar quando meus filhos não são simpáticos, dizendo que estão cansados ou doentes. Mas, apesar de serem justificativas reais, nas situações em que a criança já compreende suas atitudes, penso que isso deve ser evitado. É bom que nossas crianças aprendam que não há um bom motivo para indelicadeza, desprezo ou apatia para com as pessoas. Esse aprendizado é valioso e desafiador até para muitos de nós, adultos!

No entanto, é preciso cuidado aqui. Com algum (ou muito) treinamento podemos até conseguir reprogramar a reação de nossos filhos e fazer com que ajam como esperamos, mas isso não significa que houveram mudanças em seus corações (das inclinações naturais citadas acima). Como mãe, preciso me lembrar constantemente que não quero "filhos robôs", mas desejo que minhas crianças, ao serem gentis, ajam com o coração sincero.

Para isso, é fundamental que na medida em que vão ganhando entendimento, nós instruamos nossos filhos sobre as motivações corretas que nos levam a agir de maneira gentil: Jesus pagou o preço dos nossos pecados e nos amou quando não merecemos. Ele pode nos ajudar a ser bondosos, cordiais, amar nosso próximo como a nós mesmos, a fazer o bem... Que é o que o Senhor requer de nós em Sua Palavra. (Rm 12.10, Gl 6.9, Mt. 22.39, Tg 4.17...) Ele pode nos ajudar a agirmos com amor. Ele pode nos dar forças em todos os momentos que precisamos ser gentis mesmo sem ter vontade. Esse tipo de instrução nos abre portas preciosas para também falarmos do evangelho aos nossos filhos.

Exemplificando de forma prática, muitas vezes ao sair de casa, falamos para nossa filha de três anos assim: "Se alguém diz 'oi', você também deve dizer (ela completa) 'oi!'. Se alguém oferece um abraço, você deve abraçar. Se alguém te pede um beijinho, você deve dar um beijinho, porque isso é ser bondosa e amável, é assim que você gosta de ser tratada e, acima de tudo, isso alegra o Senhor! Algumas vezes simpatia é um desafio para ela e algo que temos que trabalhar - com o evangelho esperendo que Deus toque seu coração. Procuramos não deixar passar batido quando ela é indelicada ou indiferente.

Se isso traz algum risco à segurança da criança? Penso que não, já que nos primeiros anos de vida as crianças estão (e devem estar) sempre sob supervisão adulta. Mas conforme vão ganhando entendimento e liberdade, podemos melhor orientá-las sobre como interagir com estranhos.

Nossos filhos podem e devem aprender a ser simpáticos e gentis. Para os felizes pais cujos filhos tem um temperamento sociável isso será mais fácil desde cedo. Já para outros, levará um tempo maior ou será um desafio tremendo a ser vencido apenas com a ajuda do Espírito Santo nas vidinhas dos pequenos, e Sua obra de salvação e santificação.

Até lá, joelhos no chão, mamães, oremos incansavelmente para que o Senhor faça a diferença na vida de nossos pequenos e eles façam a diferença nesse mundo perdido!

Beijos carinhosos,
Juliana Paizam

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