29/10/2015

Brincar sozinho faz parte!





Confesso, não sei se é pela minha formação, pelos anos ensinando em salas de aulas lotadas ou pelo meu próprio jeito mais reflexivo de ser... mas não tenho o hábito de estar sempre envolvida nas brincadeiras dos meus filhos.  A Fernanda (3 anos) brinca muito bem sozinha e é capaz de ficar por horas entretida em apenas uma atividade. A Catarina (1 ano), também é super concentrada nas suas brincadeiras e brinquedos. Já o Calebe (1 ano)...

Ele tem sido meu desafio nesse aspecto. Calebe ama brincar, mas se eu não estiver do seu lado, interagindo ou pelo menos olhando atenta, parece que nada consegue prender sua atenção. E fica difícil para mim fazer qualquer coisa: preparar uma refeição, dar banho nas meninas, terminar uma tarefa... Como conseguir quando um chicletinho quer ficar grudado em minha perna o tempo inteiro?

Bem... desafio aceito de minha parte!

Acredito que brincar sozinho é uma aprendizagem importantíssima para toda criança. Considero um grande equívoco pensar que crianças pequenas tem que ser entretidas por adultos ou por algum eletrônico 100% do tempo em que estão acordadas. E penso também que esse equívoco possa também ser uma das causas mais relevantes da grande ocorrência de transtornos infantis como déficit de atenção e hiperatividade, que tem sido cada vez mais comuns.

Como mães, é bom considerar o fato de que brincar com os filhos não é a única coisa que temos para fazer e nem a mais importante. Casa, refeições, marido, cuidados com os filhos, momento a sós com Deus, descanso, lazer, tempo para cuidar de nós mesmas... São muitas demandas que precisamos dar conta e não conseguiremos se vamos passar a maior parte de nosso tempo sentadas no tapete entretendo a criançada.

Televisão, computadores, tablets, celulares... Bênçãos maravilhosas e incríveis que quebram um galho enorme em momentos de apuros. São ótimas ferramentas de aprendizagem e oferecem bons conteúdos quando usados com cautela. Mas também não penso que eles devem ser usados como isca da atenção das crianças todas as vezes que precisamos fazer algo na cozinha, queremos um momento de paz ou precisamos que elas fiquem quietas por alguns minutos.

Sem falar que, se o seu filho não se entretém sozinho, fica muito mais difícil sair de casa, fazer viagens, ir em restaurantes, receber visitas, conversar com outros adultos, etc.

Escrevi as razões acima pensando no lado adulto mas, mamães, brincar com autonomia é também muito bom para a criançada. Aqui vai uma resumida lista dos benefícios que o brincar com autonomia traz para o desenvolvimento infantil:

- Estimula a imaginação, criatividade e atenção;
- Ajuda a pensar por si mesma ao escolher a brincadeira, solucionar problemas, etc.;
- Estimula a persistência ao continuar tentando até conseguir;
- Ensina a lidar com a frustração quando algo não sai como gostaria;
- Ensina a se relacionar com o outro no compartilhar, se entender, pedir, conversar, etc.


Mas é interessante que, apesar dos benefícios, falar por aí que seus filhos brincam bem sozinhos e não requisitam a sua presença, ás vezes não pega muito bem.

E isso se dá porque, infelizmente, nós vivemos em uma comunidade educacional que tende a valorizar as pedagogias centradas na criança.

E nessa filosofia, fica mais bonito se você disser que entretém seus filhos 100% do tempo e faz com que sua vida gire em torno deles. Mas isso, como já disse anteriormente, não é saudável e nem bíblico, embora talvez alivie algum sentimento de culpa que algumas mamães carregam. Mas CUIDADO! Penso que as crianças podem, sim, ter excesso de coisas boas - e que esse excesso pode ser prejudicial.

Dito isso, listarei as estratégias que tenho usado com meus filhos para desenvolver a habilidade de brincarem sozinhos. Algumas coisas funcionam melhor para uns do que para outros. Alguns aprendem mais rápido, outros dão mais trabalho. Mas nós somos AS  educadoras (Uhul!) e nosso papel é treiná-los. Seguem minhas dicas:

1 - Comece devagar 5 minutos para crianças menores, 15 para maiores é um bom começo. Ofereça alguns brinquedos e uma ideia de brincadeira e explique que você irá fazer outras coisas por um tempo em que ela deve brincar sozinha, sem te requisitar. Se possível, coloque um despertador para marcar esse período. Se ela quebrar o combinado, for desrespeitosa ou choramingar, não ceda. Se necessário aplique a disciplina. É uma aprendizagem difícil para algumas crianças, e leva algum tempo, mas vale à pena.

2- Se a criança ficar irritada ou frustrada com algum brinquedo ou brincadeira, não interfira. Ela aprenderá a buscar suas próprias soluções e isso é bom para seu desenvolvimento. Se forem irmãos brincando juntos e iniciarem uma briga, não interfira e deixe que se entendam. A intervenção deve acontecer caso haja quebra de regras maiores, como uso de agressão verbal ou física, brincadeiras inadequadas, situações perigosas, etc. É bom lembrar que devemos estar sempre atentas ao que a criança está fazendo.

3 - Ofereça vários brinquedos. Legos, quebra-cabeças, atividades artísticas, blocos de empilhar, carros e bonecas... Quanto mais melhor. Não se preocupe com a arrumação da casa, permita que as crianças façam sua bagunça característica. Depois da brincadeira, basta seu comando e tudo pode voltar ao lugar - e isso também é aprendizagem.

4- Ofereça brinquedos adequados à idade das crianças. Bebês gostam de objetos sensoriais, instrumentos e brinquedos sonoros, objetos de encaixe simples, coisas para empilhar, livros de pano, etc. Pré-escolares e escolares gostam de quebra-cabeças, jogos, atividades artísticas, atividades de montagem e construção, objetos para brincar de faz-de-conta etc. Não é preciso gastar muito dinheiro com brinquedos, as crianças gostam de coisas simples e coisas que temos em casa, como objetos de cozinha, papéis para amassar, rasgar e rabiscar, embalagens vazias, caixas de papelão, tapetes, panos velhos... e essas coisas ás vezes fazem mais sucesso até do que os brinquedos mais caros!

5- Tenha um sistema de organização dos brinquedos lógico e acessível. Isso facilita a escolha dos brinquedos pelas crianças e a arrumação após as brincadeiras. Às vezes subestimamos a capacidade que os pequenos tem de organizar suas próprias coisas. Desde bem pequenos eles podem aprender a guardar os objetos nos devidos lugares se você ensiná-los.

6- Rodízio de brinquedos ajuda muito! As crianças sempre curtem "novidades", e como aqui não costumamos comprar muitos brinquedos, sempre guardo alguns fora da vista delas por algum tempo e depois os troco por outros que elas já enjoaram. Funciona maravilhosamente!

7- Deixar as crianças brincarem sozinhas não é abandoná-las e tirar a atenção do que elas estão fazendo. Aliás, nossa atenção nessa hora é fundamental para a segurança, para a aprendizagem e para a alegria delas. Mesmo que "de longe", sempre procuro fazer um comentário sobre o que elas estão brincando, um elogio quando fazem ou dizem algo positivo ou criativo, uma pergunta ou sugestão que amplie a brincadeira ou envolva algum conteúdo de aprendizagem.

8- Ensinar a criança a brincar sozinha é importante, mas ter momentos de qualidade com ela é fundamental! Programe momentos na rotina diária para brincar com seus filhos. Eles precisam saber que você aprecia estar junto deles e que não precisam chorar, barganhar ou te interromper a todo momento para ter a sua atenção total. E lembre-se de que para a criança tudo pode ser brincadeira: lavar a louça, dobrar roupas, tirar o pó da casa... Aproveite também essas oportunidades!

Brincando na cabaninha.

Massinha é a campeã em tempo de entretenimento por aqui.

Papel toalha (surrupiado da minha cozinha), diversão garantida!

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